Nem todas as notícias são ruins sobre a pandemia da Covid-19. Um grupo de pesquisadores de Caxias/RS, na Serra Gaúcha, desenvolveu um ventilador pulmonar portátil, que com cerca de 5 quilos pode ser facilmente transportado, acompanhando o paciente no hospital ou mesmo em ambulâncias. O respirador, apelidado de Thor, é uma evolução do Frank 5010, um modelo desenvolvido através da união de esforços de empresários e pesquisadores da Região. O Thor teve seu desenvolvimento financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e se consolidou como mais uma vitória da ciência.
Frank 5010
Em março de 2020, ainda no início da pandemia, o grupo de pesquisadores tomou a decisão de desenvolver um respirador portátil seguro, que fosse mais barato e de desenvolvimento mais rápido. No contexto, a demanda era maior do que a oferta disponível e mesmo peças para a fabricação de novos respiradores, muitas vezes importadas, estavam em falta.
O grupo resolveu trabalhar com o que tinha à disposição, unindo conhecimentos complementares e equipamentos doados, como sensores, rodízios e cabos. Foi inspirado nessa soma de esforços, conhecimentos e materiais que surgiu o nome Frank.
O pesquisador responsável da Zextec, Hugo Souza, destaca que o protótipo do ventilador começou a ser produzido em março do ano passado, para uso emergencial. “O equipamento funciona em modo único de pressão controlada, sendo indicado a pacientes que tenham indicação de intubação, necessitando ventilação invasiva. Na oportunidade, as condições de performance, confiabilidade e segurança foram confirmadas em avaliações técnicas feitas em laboratórios aferidos pelo INMETRO”, explica, ressaltando que o produto foi aprovado para testes clínicos em humanos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Thor
Em novembro do ano passado, a equipe que desenvolveu o ventilador pulmonar solicitou um financiamento da Finep para o desenvolvimento de uma evolução do equipamento. Batizado de Thor, a evolução do Frank 5010 traz soluções inovadoras como a economia de oxigênio que compõe a mistura de gases, a ventilação independente de pressão dos gases na entrada do seu sistema operacional e a adaptação aos movimentos de inspiração e expiração durante o ciclo respiratório. “O Thor se adapta aos movimentos respiratórios do paciente, permitindo a ventilação invasiva sem o uso de bloqueadores neuromusculares, em falta severa no mercado. O ventilador pulmonar opera aproveitando totalmente o oxigênio do cilindro, evitando desperdício e em qualquer nível de pressão de entrada do gás, sendo efetivo com cilindros menores e com baixa pressão”, explica o médico responsável pelo Projeto e diretor técnico do Hospital Geral de Caxias do Sul, Alexandre Avino.
Segundo Souza, o projeto ganhou ainda mais importância no segundo surto de Covid-19, que fez com que ocorresse um desabastecimento de ventiladores pulmonares em algumas regiões brasileiras, além da escassez de insumos para fabricação dos produtos. A estimativa é de que o Thor esteja disponível para o mercado em 6 a 7 meses, a partir do início dos testes clínicos em humanos. “O ventilador já foi testado em suíno, com 100% de sucesso”, comemora Souza.
Valor
Além da facilidade logística, o valor do ventilador pulmonar portátil também deve ser outro atrativo frente aos concorrentes. Por ter produção 100% brasileira, o produto deve ter um valor final de R$ 15 mil a R$ 20 mil, menos da metade dos valores praticados atualmente no mercado para esse tipo de produto. “A capacidade inicial de produção é para 300 ventiladores”, conclui Souza.
Gestão do projeto
A gestão do projeto é realizada pela ÎANDÉ PROJETOS ESPECIAIS, empresa criada para contribuir com a execução e boa gestão de projetos de impacto. Fundada por Roberta Ramos, profissional polímata e multiempreendedora, a ÎANDÉ atua como um hub, trazendo para cada projeto os profissionais que melhor se encaixam nas necessidades do cliente.
Informações e marcações de entrevistas com Diego Rosinha, pelo telefone 51 99806 6060 ou pelo e-mail.